ACOLHER, PROTEGER, PROMOVER E INTEGRAR OS DESLOCADOS INTERNOS
A crise que estamos a enfrentar não nos faça esquecer muitas outras emergências que acarretam sofrimentos a tantas pessoas.
Na sua fuga para o Egito, o menino Jesus experimenta, juntamente com seus pais, a dramática condição de deslocado e refugiado «marcada por medo, incerteza e dificuldades.Infelizmente, nos nossos dias, há milhões de famílias que se podem reconhecer nesta triste realidade.
Quase todos os dias, a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, da guerra e doutros perigos graves, em busca de segurança e duma vida digna para si e para as suas famílias»
Em cada um deles, está presente Jesus, forçado – como no tempo de Herodes – a fugir para Se salvar. Nos seus rostos, somos chamados a reconhecer o rosto de Cristo faminto, sedento, nu, doente, forasteiro e encarcerado que nos interpela. As pessoas deslocadas proporcionam-nos esta oportunidade de encontrar o Senhor, «mesmo que os nossos olhos sintam dificuldade em O reconhecer: Temos em mente os discípulos de Emaus.
É preciso conhecer para compreender. O conhecimento é um passo necessário para a compreensão do outro. Assim no-lo ensina o próprio Jesus no episódio dos discípulos de Emaús: «Enquanto [estes] conversavam e discutiam, aproximou-Se deles o próprio Jesus e pôs-Se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de O reconhecer». Não se trata de números; trata-se de pessoas! Conhecendo as suas histórias, conseguiremos compreender.
É necessário aproximar-se para servir. Os receios e os preconceitos – tantos preconceitos – mantêm-nos afastados dos outros e, muitas vezes, impedem de «nos aproximarmos» deles para os servir com amor. o maior exemplo disto, deixou-no-lo Jesus, quando lavou os pés dos seus discípulos:
Para reconciliar-se é preciso escutar. O amor, que reconcilia e salva, começa pela escuta. No mundo de hoje, multiplicam-se as mensagens, mas vai-se perdendo a atitude de escutar. É somente através da escuta humilde e atenta que podemos chegar verdadeiramente a reconciliar-nos.
Para crescer é necessário partilhar. «A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Deus não queria que os recursos do nosso planeta beneficiassem apenas alguns. Devemos aprender a partilhar para crescermos juntos, sem deixar ninguém de fora.
Para crescer verdadeiramente, devemos crescer juntos, partilhando o que temos, como aquele menino que ofereceu a Jesus cinco pães de cevada e dois peixes.
É preciso coenvolver para promover. Assim procedeu Jesus com a mulher samaritana. O Senhor aproxima-Se, escuta-a, fala-lhe ao coração, para então a guiar até à verdade e torná-la anunciadora da boa nova. Se queremos verdadeiramente promover as pessoas a quem oferecemos ajuda, devemos coenvolvê-las e torná-las protagonistas da sua promoção. Devemos «encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade»
É necessário colaborar para construir. Paulo escreve à comunidade de Corinto:«Peço-vos, irmãos, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que estejais todos de acordo e que não haja divisões entre vós; permanecei unidos num mesmo espírito e num mesmo pensamento». A construção do Reino de Deus é um compromisso comum a todos os cristãos e, para isso, é necessário que aprendamos a colaborar, sem nos deixarmos tentar por invejas, discórdias e divisões.