Origem e significado
Na realidade, a Profissão de Fé não é um Sacramento.
Uma vez que a maioria das crianças baptizada é muito cedo, na Profissão de Fé os jovens podem assumir os seus compromissos baptismais, continuando a caminhada da catequese até ao fim.
A festa da Profissão de Fé merece bastante interesse tanto por parte dos pais como por parte das crianças como ainda por parte dos responsáveis da Igreja.
Foi uma festa que deixou raízes nas tradições religiosas. Celebrada com outro nome há muitos anos – Comunhão Solene – não perdeu ainda a actualidade.
A razão deste interesse e popularidade pode ser vista de perspectivas diferentes que não se opõem mas se completam.
Ela é sobretudo a celebração do final da infância. Os catequizandos crescem, deixam de ser crianças, chegam a uma etapa importante da sua vida que precisa de ser celebrada.
Por outro lado é um reconhecimento público da comunidade de que a criança recebeu educação. É, de certa maneira, um reconhecimento do que os pais fizeram pelos filhos.
Os pais experimentam nesta festa uma homenagem à sua paternidade responsável. Não podemos ignorar nem subestimar este significado antropológico profundamente ligado ao religioso: o crescimento e a educação que esta festa da vida celebra são simultaneamente humanos e cristãos.
Para os pré-adolescentes é também uma festa profundamente humana e cristã. Atingem um grau no seu crescimento humano e cristão. São reconhecidos publicamente. São centro das atenções. Por outro lado é-Ihes reconhecida uma certa maturidade cristã.
Vão assumir, por decisão pessoal, a escolha que os pais fizeram por eles no Baptismo. Têm voz activa na Igreja.
Para muitos, se bem preparados, esta festa pode ser um momento marcante na sua vida cristã com repercussões positivas no futuro. Embora uma percentagem venha a afastar-se não deixarão de guardar a recordação desta festa.
Para os responsáveis da comunidade esta festa é entendida mais como ratificação pessoal do Baptismo de infância pedido pelos pais. Assenta na convicção de que a fé cristã não pode ser apenas uma decisão dos pais ou uma tradição do ambiente, mas necessita de uma escolha livre e esclarecida de cada pessoa.
O pároco e os catequistas preocupam-se sobretudo em saber se estão preparados para viver a fé, se estão minimamente iniciados na prática do cristianismo, se alcançaram um conhecimento global da mensagem cristã.
Estas perspectivas, embora diferentes, não se contradizem mas completam-se. Assim os pais devem ser ajudados a ultrapassarem a perspectiva meramente social, e antropológica da festa, completando-a com a perspectiva cristã.
Compromisso Cristão
A fé professa-se ou confessa-se publicamente. É uma convicção interior, uma atitude de coração e também uma profissão pública.
“Se confessares com a tua boca o Senhor Jesus e creres no teu coração que Deus O ressuscitou dos mortos, serás salvo” (Rom. 10, 9).
Não se pode esconder a fé apenas no íntimo de cada um (“a luz não se põe debaixo do alqueire”). Deve manifestar-se na vida, na prática quotidiana, pelo comportamento e pelas palavras. Assim a fé apresenta-se simultaneamente como uma convicção interior e como uma prática exterior. Professar ou confessar a fé é declarar pública e solenemente a convicção interior e o compromisso de a querer viver no dia a dia.
Conforme entendemos por profissão a actividade que alguém exerce para a sua realização pessoal e para contribuir, para o bem comum. Assim, podemos entender por Profissão de Fé o exercício ou a prática da fé na vivência do dia a dia.
Pode, pois resumir-se:
Profissão de Fé é a confissão solene da fé cristã que engloba a convicção e o compromisso de a viver.
Segundo o Sínodo de 1977 “a catequese nasce da Profissão de Fé e conduz à Profissão de Fé” (M.P.D. nº 8).
Diz-nos essa expressão que se por um lado que a Profissão de Fé é o resultado da catequese, por outro ela tem em vista o crescimento da fé até à altura em que possa ser publicamente professada. Por outro lado a catequese tem por sua vez origem na profissão de fé da comunidade confessante.
Para poder realizar a profissão de fé é necessário estar catequizado e iniciado na fé da Igreja. É necessário o conhecimento da fé e a integração na comunidade de crentes.
Maturidade Cristã
A profissão de fé tem origem no Baptismo e termo na fé adulta, celebrada na Confirmação e vivida na prática quotidiana do Evangelho e na celebração da Eucaristia.
Inicia realmente com o Baptismo, em que os pais apresentam os filhos à Igreja e esta os acolhe. A graça de Deus, que nos adopta como filhos, é antecedente às nossas decisões. Mas não dispensa o nosso acordo. Em determinado momento da vida, depois de consciencializados e esclarecidos, temos de responder pessoalmente à chamada de Deus à fé. Ou seja, precisamos de assumir, conscientemente, a iniciativa dos pais, de fazer, portanto, uma profissão de fé pessoal.
Todos os domingos na Eucaristia professamos publicamente a nossa fé recitando o Credo. Depois de ouvirmos a Palavra de Deus damos a nossa adesão recitando em comunidade o Credo, chamado também símbolo da fé por ser um elo que nos liga a todos os crentes.
Fazemos ainda uma profissão de fé mais solene na Vigília Pascal, ao reviver o nosso Baptismo.
Porém, esta festa só tem sentido depois de um conhecimento global da fé cristã que o catequizando assimilou durante a catequese de infância. É consequência do Baptismo, é continuação da primeira comunhão, é conclusão de um conhecimento geral da mensagem cristã. Supõe uma visão de conjunto do cristianismo, sintetizado no Credo.
Mas não pode ser considerada definitiva. Esta idade não é propícia a decisões definitivas. O crescimento da fé e a adesão ao Baptismo não estão amadurecidos nesta altura. O caminho tem de continuar.
Pelo menos até à celebração do sacramento da Confirmação, em que se deve de novo professar a fé, de modo mais consciente e esclarecido e sacramental, uma vez que a Profissão de Fé não é um Sacramento.
Requisitos
Para celebrar a Profissão de Fé existem alguns requisitos que são necessários viver e respeitar. Entre eles salientamos os seguintes:
Adolescente
O adolescente deverá viver:
- Assiduidade semanal quer à Catequese quer à Santa Missa. O catequizando que não celebra a Santa Missa semanalmente, não tem a devida preparação para poder viver qualquer celebração.
- Presença atenta e participante na celebração da Santa Missa.
- Participação, a tempo inteiro nos 3 retiros anuais:
- Advento
- Quaresma
- Preparação para a Profissão de Fé.
- Interesse e interacção com os ensinamentos catequéticos e desejo de celebrar a sua Profissão de Fé.
- Presença do adolescente no ensaio, preparação e celebração penitencial, para a Profissão de Fé.
- Comprometimento para continuar na Catequese após a celebração da Profissão de Fé.
Pais
Dos pais espera-se que :
- Tenham uma vida coerente com os valores de Cristo e do Evangelho, a fim de serem exemplo para os seus filhos.
- Proporcionem aos filhos a possibilidade de semanalmente ficarem na celebração da Santa Missa ou melhor ainda: os acompanhem na celebração, dando assim um exemplo importantíssimo.
- Participem nas reuniões para que forem convocados.
- Se comprometam a continuar a enviar os filhos à catequese nos próximos anos, até à celebração do Sacramento da Confirmação (Crisma).
Pingback: ⇒ Creio em Deus Pai ou Credo: Oração (Português – Latim - Inglês)
Pingback: Oração do Credo mais Conhecida (com narração em vídeo)