A Liturgia da Quaresma está toda ela orientada como uma grande catequese, por etapas, que lembram os diferentes momentos que formam o Plano de Salvação de Deus:
- Quaresma do Povo de Deus – caminhada de 40 anos pelo deserto, rumo à Terra prometida.
- Quaresma de Jesus – 40 dias de retiro, para afirmar que “o tempo chegou ao início do seu termo”, isto é, chegou o tempo favorável para viver a conversão para o Reino de Deus.
- Quaresma cristã – momento presente, o “nosso hoje” – período de 40 dias, no qual somos convidados a fazer uma caminhada de libertação de tudo aquilo que em nós e no nosso viver nos afasta do Reino de Deus. Esta preparação podemos é para ser feita através de atitudes concretas, no nosso dia-a-dia. São elas a oração, o jejum e a esmola.
A Quaresma é
- Um tempo privilegiado de abertura e de mudança
- Um tempo forte na vida da Igreja,
- Uma espécie de retiro colectivo no qual revivemos a nossa vida de baptizados e nos associamos mais a Jesus Cristo.
- Um tempo de conversão e de preparação para a Páscoa, a nossa Festa das festas, por excelência.
Assim, para bem vivermos este período a Igreja apresenta-nos três pilares fundamentais:
- a oração,
- o jejum e
- a esmola.
ORAÇÃO – Jesus Cristo ensinou-nos, através de palavras e gestos como a oração nos abre totalmente ao outro e a Deus: a Deus-comunhão, a Deus-família onde o mais importante é o Amor.
JEJUM – Jesus colocou o jejum ao serviço de valores maiores : o coração da pessoa e a opção pelos valores do Reino de Deus.
“Nem só de pão vive o homem”– Aqui nestas palavras de Jesus encontramos o sentido fundamental do jejum: a primazia da Palavra de Deus sobre a materialidade da vida, pois o único sentido absoluto da nossa vida é Deus.
O que a Igreja nos pede hoje, o jejum material, é quase simbólico, pois tem em vista a libertação interior, o desprendimento e a partilha.
Que jejuns então somos chamados a viver?
Olhemos alguns exemplos:
- Jejum da língua: usá-la para falar apenas do bem que descobrimos nos outros.
- Jejum dos olhos: usá-los para ver, admirar, contemplar as coisas boas da natureza e das pessoas.
- Jejum do paladar: cortar com o supérfluo e nocivo (tabaco, guloseimas, etc.)
- Jejum do coração: desprendimento de tudo o que bloqueia o nosso bom relacionamento com os outros e impede o avanço do Reino de Deus no meio de nós.
- Jejum dos passos: usar os nossos passos para nos levarem ao encontro de irmãos em sofrimento: visitar alguém doente, alguém que viva sozinho, alguém prisioneiro…
ESMOLA – O jejum tem que ser a privação de alguma coisa, mas para repartir, para partilhar, pois só assim ele atinge o seu pleno sentido cristão. Assim, que tudo aquilo a que formos capazes de renunciar reverta em favor de quantos, irmãos nossos, necessitam de algo mais para terem uma vida digna. Abrir o nosso coração às necessidades dos outros.
Uma caminhada Quaresmal vivida nesta perspectiva já é Páscoa, pois é passagem, é libertação de tudo aquilo que nos impede de viver já como ressuscitados em Cristo.